terça-feira, 25 de outubro de 2011

ETs, eles já estão entre nós

  Estávamos conversando sobre extraterrestres, nestes dias em que o mundo parece que está acabando (vulgo hoje). Chovia até terra do chão, se é que você me entende. Ventania, céu escuro, raios cortando o negro. A luz pisca uma vez. Pisca outra. Acaba. Praticamente um código morse. Conversa vai, conversa vem, discutimos artigos científicos, terminamos a reunião. Sim, no escuro.
  Imagina andar num chão irregular, com galhos, água, buracos, animais. Agora imagina que você não está enxergando nada. Agora imagina que você acabou de ter uma conversa séria sobre ETs. Agora imagina que você chega em casa, descobre que não tem ninguém e que, surpresa!, não tem luz lá também.
Futuro fail, to pronta para ser abduzida.
  Eis que surge o questionamento. Lets supose que apareça um ET em sua vida e que ele queira conhecer seu mundo: o que você sabe? Geografia zero; como se não bastasse não saber falar sobre o assunto, também não saberei guiá-lo para nenhum ponto histórico. História? Dois e meio. Até sei vagamente sobre a história do mundo, idade antiga e média vá lá, mas nada de detalhes, localizações e relações políticas, o que atrapalha um pouco, se considerarmos que vivemos em uma sociedade relativamente politizada para sobreviver. Física pode esquecer. Eu gosto, eu era boa na escola, até calculo a força de impacto e instante que aquele carro me atingirá se eu correr para o meio da rua; mas do ponto de vista de astrofísica, partículas e etc, já era.
 A questão é que eu seria inútil como guia turística do planeta, nem teria assunto para conversar, o que é triste. E pior!: supondo que no mundo restasse apenas eu e meu amigo ET acredito que eu teria que implorar para ser abduzida. Não sei controlar uma hidrelétrica para fazer luz, não sei fazer comida industrializada, não entendo de engenharia, economia, agronomia. Pior: não sei nem fazer sabonete! Deixa o mundo nas minhas mãos e eu escrevo um livro a respeito. Provavelmente sobre o fim do mundo. Provavelmente na areia, porque não haveria mais ninguém para ler mesmo.
 Somos tão pequenos e inúteis. Tão dispensáveis. Para falar a verdade, se eu fosse um extraterrestre nem me daria ao trabalho de passar por aqui.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

dilema

O barulho me faz bem. Abafa as vozes que gritam dúvidas na minha cabeça. Quisera eu ter vozes que gritassem verdades, mas sou um poço de perguntas sem respostas. Minto, tenho algumas respostas, algumas convicções, mas acredito que as mais inabaláveis são apenas mentiras reconfortantes. Ou virão a ser. Quanto mais respondo mais pergunto, quanto mais pergunto mais me frustro por não ter soluções. Ou sequer saídas...
O barulho me dá uma dor de cabeça fenomenal. Dessas que me levam a tomar remédio: eu, que mal tomo xarope para gripe.
O silêncio, então, me faz bem. Descansa a cabeça de tanta poluição, alivia a dor.
O silêncio me faz refletir sobre minhas percepções, meus erros, minhas convicções, meus medos, minhas aversões. E quando reflito busco soluções. E isso me dá uma dor de cabeça que só o barulho consegue encobrir.

"caminhando e cantando e seguindo a canção"