sábado, 5 de junho de 2010

Alice, Andrômeda e o meu gato

Provas, trabalhos, mais provas... Trabalho, relatórios, trabalho... Algum dia estaremos livres? Pois é... Sempre temos muito o que fazer, né? Pelo menos nós, pessoas comuns e simples desse mundão de Deus, que não ganhamos na loteria e não temos mundos e fundos para ficar os dias coçando em uma piscina de hotel 6 estrelas. Aí eu olho meu gato. Todos já reparamos que coisas simples e perfeitas são os animais de estimação. Porque, meus caros, ele não tem mais nada o que fazer. Eles usam a gente, fazendo parecer que nós é que usamos a companhia e o amor deles. Errado. Eles foram inteligentes o suficiente para transferir para nós, otários mór do planeta, megalomaníacos e workaholics, o que ELES tinham que fazer. E ficaram com o tempo livre que nós não temos. E quando teremos? Eu só estou na graduação e td já é um sufoco. Sinto-me culpada em dormir até mais tarde em pleno feriado porque sei que já já terei vinte mil provas de uma vez, com um milhão de coisas para decorar (e esquecer, né, porque nosso cérebro não é afim de ficar guardando um monte de coisas, que nem a gente, que enche armários de bugigangas inúteis, não tem coragem de dar aquelas roupas cafonas e fica sempre esperando a oportunidade de dar pra alguém aquele enfeite brega que nossa avó deu...). E quem Consegue dormir sabendo que tem um zilhão de coisas para decorar e ainda nem começou? Pois é. Aí acordamos as 7hs em um sábado, sob o olhar indignado de nossos gatos (para os felizes e sortudos que gostam de gatos), que voltam a dormir com a despreocupação dos animais domésticos, enquanto nós vamos trabalhar e trabalhar para eles, para nós mesmo, para o mundo surdo, cego e doentio que nos rodeia. Faz sentido?
As vezes eu só queria um pouco de falta de sentido da forma clássica, sabe? Como nos livros da Alice, em que ela está aqui, de repente o aqui não é mais como era, e ela cresce e não consegue ver as próprias mãos, e tem um tribunal de bichos engraçados e uma rainha que quer que cortem as cabeças de todo mundo (mas todos enganam-na e acabam com suas cabeças no lugar). As vezes queria me desligar de todas as coisas palpáveis e que nos amarram, impedem nosso vôo e nos fazem Andrômedas, aguardando quase que com pressa o fim na boca de um monstro. Queria poder me libertar das correntes e voar com um gato com asas, ou sem mesmo, que se desfizesse no ar, deixando um sorriso (ele sorri porque ele pode!). Queria ser o mar, que tudo toca, mas nada abarca. Mas não sou! Sou só eu, com minhas escolhas, muitas vezes quase tão sem sentido quanto as histórias de Alice, e pagando por elas todos os dias. Somos nós, cabeçudos, tomando conta do mundo. Somos Andrômeda, lutando contra as correntes. Somos, mais uma vez, Buzz Ligthyear, ao infinito e além... Somos idiotas! E vamos estudar, que o tempo urge...

Um comentário:

  1. eu consigo! (pra pergunta "E quem Consegue dormir sabendo que tem um zilhão de coisas para decorar e ainda nem começou?")
    mas é pq eu não tenho noção do perigo, como me disseram após eu ter me jogado do trapézio pra frente.
    é q eu tenho síndrome de Alice =/

    ResponderExcluir