domingo, 25 de abril de 2010

Tem que ter peito

 Algumas coisas não são fáceis na minha vida; como falar com estranhos. Ou com pessoas mais velhas. Com estranhos mais velhos nem se fale, então! Trauma de infância, vai entender... Mas tá aí, fomos eu e a Cerva pedir patrocínio. Saí do carro, levantei a cabeça, caminhei a passos firmes em direção a porta e abri meu lindo sorriso não-sei-oq-faço-aqui-mas-sou-legal-embora-pareça-psicopata e ganhei um "só um momentinho" enquanto a moça fazia outras coisas. Fingi enorme interesse por chocolates (que me interessam, vejam bem, mas no momento eu queria mesmo sair de lá) enquanto aguardava, falei, entreguei a proposta e fui embora. Tem que ter peito para fazer isso. Pelo menos se vc é como eu.
 Tem que ter peito como aquela(e) moça(o) exibindo seus litros de silicone perfeitamente redondos totalmente sem blusa ou sutiã no meio da avenida em que a gente se perdeu, na volta pra casa. Porque algumas pessoas se desesperariam vendo no mínimo 10 concorrentes em um quarteirão tão pequeno com suas roupas apertadas ou quase inexistentes no seu ambiente de trabalho. Outras levantariam a cabeça, estufariam o peito e os exibiriam com louvor. Precisa ter peito pra isso, claro, porque pessoas sem peito seriam facilmente ofuscadas pela moça lá na frente, que tinha bunda. E usou a bunda pra sentar numa luz azul e ficar iluminada. Imaginem meu choque. Ou não imagine, para seu próprio bem.
 Meu ponto é (e notem que eu estou aprendendo a ter um ponto, chegar a algum lugar): é preciso ter peito! Ter a coragem de fazer as coisas. "O jardim de infância acabou e a bicicleta está sem rodinhas, ninguém vai te segurar se você cair. Se você não gosta da sua vida, faça algo para mudar, se afaste do que te incomoda, se não pode andar, rasteje. Contanto que você faça algo! Vá para academia, entre para um clube, um culto,qualquer coisa! Só não fique choramingando." (reclamação que eu vi hoje em Private Practice)
 E que fique claro que isso não é sobre seios, bundas, ou enfrentar receios bestas. É muito mais complexo do que sou capaz de escrever.

Um comentário:

  1. A superficialidade com que trato qualquer dilema da vida é chata e inconveniente, mas vou comentar.

    Para mim, simplesmente crescemos. Ninguém mais encoberta suas deficiências, seus problemas só podem ser resolvidos por você mesmo e existem pessoas acreditando em você. Se não tiver peito para enfrentar tudo isso...

    Azar.

    ResponderExcluir